Em São Paulo, três pessoas morreram e outras três estão desaparecidas. Os telefones ficaram mudos. A internet foi cortada. À noite, na hora de voltar para casa, a população enfrentou 150 quilômetros de engarrafamento.
Em pouco mais de seis horas, choveu mais do que era previsto para o mês de setembro. Foi uma chuva extrema, que mostrou as falhas estruturais da maior metrópole brasileira. O lixo nas ruas entupiu bueiros e provocou alagamentos. Os dois principais rios da cidade transbordaram. Os motoristas ficaram presos em uma armadilha. Alguns levaram seis horas para cruzar a cidade.
A maior central de abastecimento da cidade, a Ceagesp, ficou debaixo d’água. A quarta-feira começou com movimento normal na Ceagesp. De madrugada, o trabalho foi do pessoal da limpeza, que teve muito trabalho para limpar a sujeira após a enchente de ontem.
Chuva mostra que São Paulo vive à beira do caos
Um dia de caos na já tumultuada São Paulo, com alagamentos, trânsito parado, desabamento e mortes. Em seis horas, choveu mais do que era esperado para todo o mês de setembro. Volume igual só foi registrado há 25 anos, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergência da capital paulista.
Foram mais de 90 pontos interditados pela água durante toda a terça-feira. Em alguns trechos das marginais Pinheiros e Tietê, os rios chegaram a transbordar.
Às 20h voltou a chover forte na cidade de São Paulo e o trânsito continuava ruim. O congestionamento chegava a quase 150 quilômetros. A volta para casa foi ainda mais complicada para 700 pessoas que ficaram ilhadas na saída do trabalho: “A água já estava entrando na firma. Não dava mais para sair”, conta uma paulistana.
Problemas também no sistema de telefonia fixa, que deixou milhares de aparelhos mudos. O temporal trouxe transtornos para quem precisava pousar ou decolar nos aeroportos. O de Guarulhos operou por instrumentos e Congonhas chegou a fechar. Resultado: centenas de voos em atraso ou cancelados.
Casas desabam e provocam mortes
Em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, três casas desabaram. Dois meninos, de 3 e 9 anos, morreram soterrados. O resgate dos corpos demorou quase seis horas. Trabalho ainda mais difícil por conta da chuva. A mãe dos garotos tinha saído para buscar outro filho na escola. Ficou em estado de choque.
“Muito difícil. A gente não sabe nem o que tem a dizer”, lamenta o avô dos meninos Paulo César Pereira.
Na casa ao lado, a menina Cauane, de apenas seis meses, escapou com arranhões. Por causa do risco de desabamento, uma casa foi demolida.
Tragédia também em Osasco, na Grande São Paulo. Quatro barracos foram atingidos por um deslizamento de terra. Uma mulher morreu soterrada. Sete crianças ficaram sob os escombros. Quatro foram resgatadas. Mas três continuavam desaparecidas até a noite, quando as buscas foram suspensas. Desesperado, o pai de uma delas continuou a escavar. Foi retirado algum tempo depois sem encontrar a criança.
O trabalho do Corpo de Bombeiros ainda não foi retomado, porque eles esperam por ajuda. A chuva do início da manhã deve dificultar ainda mais os trabalhos. Famílias ainda estão no morro, que tem um alto risco de desabamento. Algumas pessoas foram retiradas, mas muita gente voltou para casa.
Ventos fortes e chuva causam transtornos no litoral e no interior
O litoral e o interior do estado de São Paulo também foram atingidos por ventos fortes e por muita chuva.
Em Botucatu, árvores caíram sobre carros e casas. O muro da creche desabou, a parede trincou e telhas voaram. Um susto enorme para as crianças.
Em Itapeva, a cobertura de um posto de gasolina foi arrancada. O muro de uma escola também não resistiu ao temporal e um carro foi arrastado por 150 metros.
Em Santos, no litoral do estado, a festa da padroeira foi interrompida pela ventania. Barracas foram arrastadas e a água do mar subiu muito, cobriu toda a faixa da areia.
No interior de São Paulo e no litoral não houve feridos.
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